O Olheiro #2 – Ryan Gauld – the mini messi

Muitas pessoas se tem interrogado sobre os motivos\critérios que levaram o Sporting a contratar um miúdo desconhecido de 18 anos de uma modesta equipa da Liga Escocesa por 3 milhões de euros. Outros, tem considerado inconcebível o Sporting dispender uma quantia relativamente elevada para os seus standards financeiros actuais por um jovem de 18 anos que para já não oferece garantias de retorno e será utilizado, maioritariamente, na equipa B durante esta temporada.

Ryan Gauld não é um desconhecido dentro do futebol escocês. Tanto que, a imprensa desportiva do Reino Unido não hesitou em apelidá-lo de Mini Messi, em clara alusão às características e semelhanças que o escocês apresenta quando comparadas com as do astro argentino. A treinadora portuguesa Helena Costa, antiga membro da equipa de scouting do Celtic de Glasgow tentou levar o jovem talento do Dundee para Glasgow. Porém, o manager dos católicos, Neil Lennon, considerou exagerado o valor pedido pelo Dundee United pelo passe do jogador para um jogador que precisava, segundo palavras do próprio Lennon “de amadurecer mais 2 ou 3 anos para poder ser escolha do Celtic de Glasgow”… Esperemos que Lennon não se venha a arrepender da forma desdenhosa em como desprezou este jovem internacional sub-21 escocês, hoje estreante nessa selecção com 2 golos contra a frágil selecção Luxemburguesa.

À semelhança de Messi, Gauld é um talentoso esquerdino que gosta de jogar no último terço do terreno (na direita, na esquerda ou no meio) onde por norma gosta de receber a bola e executar o seu rapidíssimo drible em velocidade, entrar na área e disferir aos ângulos os seus arqueados remates. Outra característica semelhante ao argentino é a capacidade que Gauld tem em aguentar cargas físicas vindas de defensores com mais arcaboiço e soltar a bola em desmarcação para o ponta-de-lança que estiver a jogar no limite, ou seja, numa situação em que permita desmarcar com passe o colega ou no mínimo sofrer uma impiedosa falta à entrada da área. Tendencialmente, bem treinado, também será um jogador capaz de funcionar como poacher (atrás do ponta-de-lança) com a missão de ir buscar jogo atrás ou aos flancos quando solicitado para as costas da defesa, assim como poderá ser um exímio marcador de livres directos.

A sua inserção na equipa B do Sporting faz todo o sentido. O clube leonino vê o escocês como um investimento caro sim, mas sobretudo como um investimento caro que dará os seus frutos a longo prazo. Uma das razões que levou Helena Costa a recomendá-lo a Augusto Inácio foi precisamente a noção que, em derivado das suas características, muito aproximadas do jogo latino, e dado o prestígio da formação leonina, o Sporting seria o clube ideal, pela aposta que faz em jovens, para Gauld evoluir como jogador. Como o atleta é muito jovem e está em Lisboa a viver a sua primeira experiência longe da sua cidade natal e da sua família, num clube com uma grandeza diferente do seu anterior clube e numa realidade futebolística bastante diferente do físico e aéreo futebol escocês, a primeira experiência no futebol português na equipa B do Sporting será fulcral para o crescimento do atleta e para a sua transição para o mais altíssimo nível na equipa A.

Para finalizar, ficam aqui dois vídeos. O primeiro é uma daquelas típicas compilações de lances do youtube para o empresário mostrar aos clubes interessados. O segundo é a entrevista que o escocês deu há algumas semanas atrás à Sporting TV.