Crónica #18 – Fiorentina 3-0 Inter

Khouma Babacar acertou finalmente com a baliza, num jogo em que a equipa de Mazzarri voltou a demonstrar dois dos seus maiores défices colectivos: a incapacidade de ser uma equipa com jogadas ofensivas criativas (a equipa não tem alguém capaz de desequilibrar no meio-campo e nas alas) e a falta de pressão que reina na equipa milanesa, esta última, por mais uma vez nesta temporada, culpada de mais uma derrota para o campeonato.

Apresentando-se no Artemio Franchi com o novo patrocinador estampado nas camisolas (a Volkswagen), a Fiorentina de Vincenzo Montella tinha como missão dar sequência aos bons resultados obtidos tanto na jornada do fim-de-semana passado como na quinta-feira para a Liga Europa, de forma a subir na tabela classificativa e a aproximar-se dos lugares europeus depois de 4 jogos pouco conseguidos para a Serie A no arranque da temporada. Na equipa da Fiorentina, Vincenzo Montella não pode contar com Joaquin, Mario Gomez, Facundo Roncaglia, Micah Richards, Marko Marin e Giuseppe Rossi, todos a contas com lesões. Montella decidiu mexer no onze que tinha enfrentando na quinta-feira passada o Dinamo de Minsk, promovendo uma saudável rotação no onze com as entradas de Matias Fernandes para o lugar de Borja Valero e do esloveno Jasmin Kurtic (emprestado pelo Sassuolo) para a direita do ataque por troca com o seu compatriota Josip Ilicic.
Já Walter Mazzarri não pode contar com o japonês Yuto Nagatomo por castigo (expulso frente ao Cagliari) e com os lesionados Hugo Campagnaro, Freddy Guarin, Gaby Mudingayi e Federico Bonazzoli. Novidade no onze do técnico do Inter foi Mauro Icardi por troca com Rodrigo Palácio. A troca deu mais poder de fogo à equipa mas retirou-lhe a habitual criatividade e oferta de linhas de passe que o argentino Palácio oferece com as suas constantes movimentações para os flancos. O francês Yann M´Vila ganhou um lugar no onze ao lado de Gary Medel no eixo mais recuado do meio-campo por troca com Hernanes. O brasileiro só viria a entrar na partida a meio da 2ª parte.

O jogo não poderia ter começado melhor para os Viola. Sem que tivessem justificado qualquer golo, duas acções individuais valeram meia vitória para a equipa de Firenze:
– aos 6″ Khouma Babacar inaugurou o marcador num excelente trabalho individual seguido de um remate fantástico que violou as redes de Handanovic. Repare-se na forma em como o senegalês, atipicamente rodou para tirar o jogador do Inter do caminho e sem qualquer oposição no pressing atirou para o primeiro golo da partida.- aos 18″ Juan Cuadrado atirou da esquerda para mais um grande golo. Novamente Mazzarri deve-se ter questionado o porquê de ninguém ter saído ao encontro do colombiano depois deste ter tirado Medel com um drible rápido e ajeitado a bola para um remate de uma das suas zonas preferidas da carreira de tiro de meia distância.

Pelo meio, o Inter tentava reagir. Montella foi mais esperto que Mazarri. Não pressionando alto durante todo o jogo para não desgastar os seus jogadores, optou por defender com um bloco médio, altamente pressionante no meio-campo, principalmente sobre o grande estratega desta equipa do Inter, o croata Kovacic. A única situação de perigo que o Inter iria construir neste primeiro tempo foi um remate de Mauro Icardi aos 11″ quando a equipa já perdia por 1-o com a bola a passar muito perto do poste esquerdo da baliza de Norberto Neto.

Até ao final da primeira parte, a Fiorentina iria gerir o jogo a seu belo prazer, criando mais 2 situações de perigo quando:
– aos 25″ Jasmin Kurtic trabalhou sobre Dodô na direita e atirou cruzado com Juan Guillermo Cuadrado a falhar por milimetros a emenda que daria o 3-0 e provavelmente o game-over no jogo.- aos 44″ Khouma Babacar (muito móvel durante toda a partida; o próprio meio-campo Viola também foi muito móvel no sentido em que Alberto Aquilani e Matias Fernandes rodaram muitas vezes de posição entre si assim como avançaram e recuaram muitas vezes no terreno para melhor se adaptarem ao posicionamento do bloco de meio-campo do Inter e assim conseguirem receber as transições quase sempre iniciadas por David Pizarro) foi à esquerda e rematou para defesa apertadíssima de Samir Handanovic.

Na 2ª parte, a equipa do Inter tentou reagir. A equipa milanesa começou a variar o jogo entre flancos. Um dos problema desta equipa está efectivamente nos flancos. No miolo a equipa consegue circular a bola, mas, para flanquear o jogo tem que ter laterais mais fortes no 1×1 e bem ajudados pelos médios interiores através de movimentações para a linha ou para dentro se a equipa contrária estiver a defender as alas com 2 jogadores. Se no lado direito Danilo D´Ambrosio ainda teve a sorte de atacar Marcos Alonso (não lhe ganhou um duelo individual 1×1 durante toda a partida) do outro lado Dodô foi muito escasso para um flanco onde Nenad Tomovic defendeu e atacou melhor e teve a ajuda de Kurtic praticamente durante 90″. Isso obrigou o Inter a ter que jogar para Icardi e Osvaldo, que, apesar de um ou outro lance em que conseguiram receber a bola na área ou à entrada desta com condições para finalizar, foram na maior parte das vezes bem marcados, anulados ou incomodados pelos dois centrais da Fiorentina (Stefan Savic e Gonzalo Rodriguez). Outro dos problemas está no horrível estaticismo de alguns jogadores. A equipa está a jogar num autêntico esquema “stick to position” em que cada jogador não sai da sua posição para oferecer linhas de passe e no qual parecem não existir movimentações, cortes nas costas da defensiva, movimentações diagonais clássicas, um avançado capaz de fazer o que Rodrigo Palácio faz (Icardi ainda tentou ir buscar algumas bolas à direita mas não criou perigo daquele flanco) e assim criar desequilíbrios.

O que faltava ao Inter, abonava em excesso na Fiorentina. A veterania é um posto. Por isso é que David Pizarro ainda é aos 35 anos um jogador muito influente em Firenze. Com calma, o Chileno conseguiu distribuir muito bem para os seus colegas de meio-campo ou variou com eficácia o jogo entre flancos. Nos flancos, a Fiorentina atacou quase sempre em superioridade numérica devido à subida q.b dos seus laterais e a outro dos problemas da equipa de Mazzarri. Quem defende com 3 centrais contra 1 ponta-de-lança deverá obrigar os 2 centrais mais descaídos para as alas a fazer as dobras aos laterais. No caso de Juan Guillermo Cuadrado quem fez quase sempre as dobras às falhas do lateral foi Gary Medel.

tomovic

A equipa Viola geriu o jogo conforme quis, esteve perto do 3-0 quando Juan Guillermo Cuadrado tabelou com Khouma Babacar à entrada da área, voltou a receber, entrou dentro desta e atirou para uma grande defesa de Handanovic, e consumou o resultado final aos 76″ com um fabuloso remate de Nenad Tomovic. O sérvio lançou-se aos adeptos Viola para efusivos festejos que duraram certamente perto de 1 minuto.

Com esta vitória categorica, a equipa de Vincenzo Montella ascendeu à 9ª posição do campeonato com 9 pontos, por troca com o Inter que agora é 10º com 8 pontos. A equipa de Firenze está a 5 pontos do 3º lugar (surpreendentemente ocupado pela Sampdoria) e a 4 da Udinese e 3 pontos do Milan. Na próxima jornada, a 19 de Outubro, a equipa de Firenze recebe outro candidato europeu, a Lázio, equipa que está na 8ª posição da Serie com os mesmos pontos. O Inter recebe o Napoli, equipa que está na 7ª posição com 10 pontos.