Crónica #12 – Villareal 0-2 Real Madrid

Poucos dias antes de mais um embate para a Champions frente ao Ludogorets da Bulgária, o Real Madrid foi ao El Madrigal, estádio do Villareal bater a equipa da casa com 2-0 (mais um golo de Ronaldo) descomplicando com alguma facilidade um jogo que historicamente costuma ser muito difícil para a equipa merengue e, no caso do jogo de hoje, um jogo em que a turma orientada por Marcelino Garcial Toral vendeu muito cara a derrota com um estilo de jogo bastante ofensivo que causou alguns sobressaltos à baliza de Iker Casillas.

Marcelino Garcia Toral promoveu alguma rotação no plantel fazendo entrar no onze formado em 4x4x2 clássico Sérgio Asenjo na baliza, um quarteto defensivo composto por Mario, Matteo Musachio, Victor Ruiz e Gabriel; Bruno e Trigueros no meio-campo, Cani na direita, Moi Gomez à esquerda e uma frente de ataque composta pelo argentino Lucas Vietto na companhia do nigeriano Uche. No banco ficaram por exemplo habituais titulares desta equipa como Tomas Pina ou Giovanni dos Santos.

Já Carlo Ancelotti, sem poder contar com Pepe, voltou a fazer alinhar o seu onze base depois de ter colocado Keylor Navas, Illaramendi e Isco no jogo contra o Elche.

Nos primeiros minutos da partida assistimos a uma entrada de rompante da equipa do Villareal. Com processos de jogo que denotam bastante trabalho, a equipa de Toral começou o jogo a circular a bola de forma rápida a meio-campo com interessantes aberturas para os flancos onde Cani e Mario de um lado e Mói Gomez do outro tentaram por variadíssimas vezes colocar a bola na área através de cruzamentos.
No entanto, a primeira situação de perigo seria a favor do Real Madrid pelo inevitável Cristiano Ronaldo aos 4″. Gananhando a frente a Mario no flanco esquerdo, o português tirou o lateral do caminho em flecção para o centro e tentou um remate em potência que haveria de ser desviado por um adversário para canto. Do canto surgiu uma bola na área que Sérgio Ramos parou com o braço antes de chutar para o fundo das redes de Sérgio Asenjo. Undiano Mallenco invalidou de imediato o golo mas não viu no lance um empurrão de Musacchio a Raphael Varane que impediu o central francês de atacar a bola.

A conseguir ganhar as segundas bolas a meio-campo e com um sentido de distribuição apuradíssimo, tanto Bruno como Cani como Trigueros começaram a inventar algumas situações de perigo para a baliza de Casillas. Aos 7″ Uche chegou a obrigar o guardião internacional espanhol a uma defesa apertadíssima num lance em que tentou tirar Varane do caminho. O guarda-redes do Real Madrid teve 2 minutos depois que sacudir de forma muito pouco ortodoxa um cruzamento de Mario na direita com os pés. Creio que o guarda-redes espanhol quis com este toque pouco ortodoxo naquela zona do terreno sair imediatamente a jogar para Marcelo. No entanto, pôs em risco a sua baliza caso o chuto fosse parar aos pés de algum jogador do Villareal. Aos 12″ Varane teve que cortar inextremis um remate de fora-da-área de um jogador do Villareal que mudou de trajectoria devido a um desvio de Kroos. Casillas estava batido no lance.

Aproveitando o facto de Kroos e Modric estarem no centro do terreno e de Cristiano Ronaldo não ajudar a fechar o flanco direito, a equipa dos arredores de Valência começou a canalizar o seu jogo para o flanco direito.

O avião do regresso…

Ao minuto 16 passou sobre o El Madrigal um avião com um banner onde se lia “Come Home Ronaldo – United Reel”, porventura encomendado por adeptos do Manchester United.

O jogo continuou com alguma intensidade. A equipa do Real respeitou a entrada mais agressiva da equipa do Real e demorou algum tempo a entrar no jogo e a criar jogo ofensivo. Perante a confiança que os construtores do Villareal estavam a demonstrar ao conseguirem evitar a pressão exercida sobre si no meio-campo pelo tridente de meio-campo do Real, Kroos e Modric foram obrigados a pegar mais na bola. Nesta fase da partida, faltava alguma rapidez ao jogo de passes da equipa de Ancelotti a meio-campo facto que facilitava não só a organização defensiva do Villareal como a intercepção de passes a meio-campo que quase sempre eram aproveitadas pelos jogadores do submarino amarillo para sair rapidamente em contra-ataque e tentar colocar bolas nas costas dos centrais madridistas para o poder de aceleração dos seus dois velozes homens da frente. Valeu Raphael Varane aos merengues: muito atento ao longo de toda a partida, não falhou um corte ou um desarme quando foi chamado a intervir na sua raia de acção. Foi traído uma ou duas vezes pelas movimentações de Vietto mas, na globalidade do seu rendimento, foi um dos melhores em campo no El Madrigal.

Quem não consegue marcar contra o Real, ao primeiro erro que cometa…

Foi precisamente na fase de maior ascendente do Villareal na partida que o Real selou o seu triunfo.
Aos 27″ uma fantástica acção de Vietto no meio dos dois centrais do Real dá ao argentino a possibilidade de atirar à baliza de Casillas. O argentino remata em arco por cima da baliza merengue. 2 minutos depois, um lance de insistência de Cani na esquerda faz a bola rodar até ao flanco direito onde aparece Mario a rematar cruzado para defesa de Casillas.

Até que Modric e Ronaldo puseram em campo a sua excelência. Aos 32″ Kroos endossa a bola ao croata à entrada da área, e ao mesmo tempo em que este recebe, Ronaldo atrai as marcações com um movimento na frente de um defensor e permite que o croata estoire em cheio na baliza de Asenjo que pouco podia fazer para parar o forte remate do croata. O movimento de Ronaldo, visível nas imagens, faz toda a diferença no lance.

O Villareal respondeu de imediato no minuto seguinte: uma fantástica decalage de passes do flanco esquerdo para o flanco direito muito bem contemporizada faz chegar a bola a Cani que cruza para cabeceamento de Vietto ao lado da baliza de Casillas. A equipa de Marcelino Toral acreditou que era possível chegar à igualdade até ao intervalo e num lance resultante de um canto que não é aproveitada pela equipa de amarelo, James recupera a bola e lança imediatamente Benzema em velocidade com um passe longo de excelência. O francês conquista o esférico a um defensor do Villareal, tira-o do caminho e serve Ronaldo no coração da área para o 2-o. Lance típico de contra-ataque do Real com o francês a demonstrar muita inteligência na forma em como parou a bola, viu a entrada dos companheiros da área, tirou o defensor do caminho e assistiu o português para o seu 10º golo na Liga.

A equipa do Villareal não baixou os braços e até ao intervalo criou 2 situações de perigo: a primeira num remate de meia-distância de Trigueros que Casillas defendeu com dificuldade para os pés de Vietto (em fora-de-jogo devidamente assinalado por um dos assistentes de Undiano Malenco; o argentino tentaria a emenda que seria defendida por Casillas) e num segundo em que o mesmo trigueros no coração da área responde a um cruzamento de Cani na esquerda com um potente remate que é desviado corajosamente pelo brasileiro Marcelo para canto. O corte do Brasileiro equivaleu literalmente a um golo da sua equipa. A bola de Trigueros levava selo de golo. A propósito, o médio ofensivo do Villareal foi uma das figuras desta primeira parte pela rapidez que incutiu nos processos de circulação da equipa com a sua simplicidade acções (receber e passar). Na segunda parte eclipsou-se e foi substituído.

Ao intervalo, apesar da maior agressividade e arrogância demonstrada pelo Villareal na abordagem ao jogo, era o Real quem capitalizava com dois pequenos erros da equipa da casa.

Na segunda parte, como seria de esperar, para não desgastar a equipa fisicamente, Ancelotti não teve problemas nenhuns em baixar as linhas da equipa e entregar as despesas de jogo ao Villareal, apostando em saídas rápidas no contra-ataque por intermédio de Ronaldo e Benzema.

Como tal, os únicos lances de perigo foram construídos pelo Villareal:
– aos 47″ uma triangulação pela esquerda permite a entrada do lateral Gabriel na área. O remate saiu torto. O lateral adaptado, central de origem não tem pé esquerdo.
– aos 51″ Cani centrou para a área e Lucas Vietto, rodeado de 4 adversários não teve espaço para colocar o seu remate. Contemporizou bem e entregou ao remate de Mario. Lucas Vietto esteve em destaque na segunda parte. Provou ser um jogador capaz de se movimentar facilmente na área e fora desta. Por várias vezes foi fora da área receber jogo da sua linha média e acelerar a circulação de bola para os flancos, arrastando consigo Varane ou Sérgio Ramos. É um jogador bastante interessante que tanto consegue aparecer na área a finalizar as jogadas como com as suas constantes saídas da área participa do processo ofensivo da equipa, dá-lhe mais rapidez e mais inteligência e arrasta defensores consigo para abrir espaços para o seu colega de ataque poder entrar.
O jogo diminuiu de ritmo. Marcelino Toral decidiu colocar em campo em poucos minutos os irmãos Giovanni e Jonathan da Silva e o extremo Espinoza. Jonathan da Silva veio dar mais velocidade à construção de jogo da equipa com processos de passe muito simples quase sempre ao primeiro toque. Já o seu irmão prendeu imenso o jogo com as suas tentativas de drible. Carvajal não lhe permitiu muitas veleidades no duelo individual. E a equipa da casa, apesar de estar bem instalada no meio-campo merengue não conseguiu até ao final da partida construir mais oportunidades de perigo. Ancelotti limitou-se a fazer a gestão de plantel com as entradas de Nacho para o lugar de lateral-esquerdo (Marcelo teve que ser assistido a um olho, provavelmente às lentes de contacto depois de ter levado com uma bola na cara numa disputa de bola) Asier Illaramendi e Isco.

Crónica #7 – Deportivo 2-8 Real Madrid

Cristiano Ronaldo, Karim Benzema e Gareth Bale destruiram a equipa galega. Não se pode dizer que este regresso do Real Madrid às goleadas foi um jogo de sentido único porque a equipa comandada por Victor Fernandez fez um jogo muito interessante do ponto de vista ofensivo. Defensivamente, esta equipa galega manifestou muitas dificuldades para pressionar o meio-campo do Real Madrid e conseguir defender as constantes movimentações outside e inside dos 3 da frente.

No Riazor, o Deportivo procurava dar seguimento à vitória obtida no passado fim-de-semana frente ao também recém-promovido Eibar. Já a equipa de Carlo Ancelotti, apesar de ter vencido o Basileia por 5-1 para a 1ª jornada da Champions, tentava recuperar na Corunha de duas derrotas estrondosas para a Liga (4-2 no Anoeta frente à Real Sociedad e 1-2 no Bernabeu frente aos rivais de Madrid).
Com Pepe lesionado, Carlo Ancelotti deu a titularidade ao francês Varane no eixo da defesa. Na direita da defesa, o jovem Nacho (realizou uma partida muito interessante contra o Basileia) voltou a ser rendido pelo habitual suplente para a posição (Alvaro Arbeloa). Na esquerda da defesa, o técnico italiano voltou a apostar na titularidade de Marcelo em detrimento de Fábio Coentrão que ficou no banco dos merengues.
Já Luis Fernandez apostou num onze que anda muito próximo do seu onze-base: o argentino German Lux na baliza, uma defesa composta pelo capitão Laure, pelos centrais Sidnei (emprestado pelo Benfica) e Diakité e pelo lateral-esquerdo (também ele ex-benfica) Luisinho. No meio-campo Fernandez fez alinhar o técnico bósnio Medujanin juntamente com Alex, Juanfran na direita, o antigo jogador do Barcelona Isaac Cuenca na esquerda e Luis Fariña numa posição mais avançada no terreno no apoio directo a Hélder Postiga.

O Deportivo iniciou a partida com uma abordagem muito ofensiva que se traduziu num futebol altamente flanqueado. A equipa galega depositou a bola nos seus desequilibradores nas alas, assistindo-se a bastantes cruzamentos para a área à procura do toque final de Hélder Postiga por parte do lateral Laure (na direita) ou à tentativa de acções individuais de Cuenca na esquerda. O capitão da equipa galega e o antigo jogador do Barcelona foram efectivamente os melhores em campo no que à turma galega diz respeito, apesar do catalão ter-se evidenciado demasiado individualista nas acções de 1×1 e 1 para 2 que tentou realizar várias vezes no flanco esquerdo.

Depois do arranque interessante da turma galega, Luca Modric pegou no jogo do Real. Em grande forma nas últimas semanas, o croata pegou na batuta da equipa e começou a organizar (com os seus passes a rasgar) o jogo ofensivo dos merengues. As ocasiões de golo começaram a suceder-se:
– Com muito espaço para jogar no seu flanco (Bale foi um autêntico terror para Luisinho), aos 11″, o internacional galês tirou o português do caminho e centrou para um cabeceamento de Ronaldo (solto da marcação de Sidnei; o antigo central do Benfica nunca acertou com a marcação ao português ou ao galês Bale sempre que este apareceu nas imediações da área; prova disso foram os dois golos obtidos pelo galês na partida) para uma defesa fácil de Lux.- Iniciando um processo de construção recheado de tabelas a meio-campo e tabelas à entrada da área com a devida envolvência de Karim Benzema (ao vir buscar jogo à entrada da área arrastou consigo os centrais e abriu espaços para a entrada de Ronaldo ou Bale) perante um Deportivo que fez povoar muita gente à entrada da área em zona central, mas, que no fundo foi uma equipa pouco pressionante no primeiro-tempo, aos 15″, o francês veio buscar uma bola fora da área, rodou sobre vários adversários, entrou na caixa e desmarcou Gareth Bale na direita com o Galês a rematar para defesa de German Lux que, neste lance em específico, revelou muita coragem na saída realizada aos pés do galês.
– Aos 19″, depois de Cuenca não ter dado melhor seguimento à tentativa de marcação de um canto curto, James Rodriguez recuperou o esférico, lançou em contra-ataque pela esquerda Luca Modric, que por sua vez, depois de passar em slalom por dois adversários, abriu o jogo para a direita, encontrando Ronaldo. Sem pressão imediata por parte de Luisinho ou Alex, o português teve todo o tempo do mundo para receber a bola e ensaiar o seu poderoso remate que haveria de sair ao lado da baliza de Lux.

O primeiro golo do Real avizinhava-se perante uma equipa da Corunha que tinha em Medujanin o verdadeiro patrão do meio-campo e em Cuenca o criativo. No entanto, defensivamente, a equipa da Corunha foi extremamente permeável pelo trio de ataque da equipa madrilena na medida em que a mobilidade do trio da frente da equipa (mais James) fez com que a equipa de Fernandez não acertasse com as marcações.
Este primeiro golo viria aos 28″ quando Arbeloa cruzou da direita para uma fantástica impulsão de Cristiano Ronaldo e um cabeceamento em arco perfeito que Lux jamais conseguiria defender. Se os gestos físico e técnico (impulsão e cabeceamento) do português foram absolutamente formidáveis (inacessíveis a grande parte dos avançados mundiais), posso também afirmar que este golo só aconteceu porque Sidnei deixou completamente solto o português e chegou bastante tarde ao lance.

Benzema continuou a ir buscar muito jogo fora da área. Aos 31″ voltou a vir buscar jogo a Modric fora, para depois efectuar um remate rasteiro para defesa fácil de Lux. Aos 35″ foi ao flanco esquerdo construir o lance do 2º golo madrileno. Com um gesto simples, passou a bola para James numa posição mais interior à entrada da área e o colombiano num remate em arco (perfeito) colocou a bola no canto superior direito da baliza de German Lux. O argentino limitou-se a olhar para o redondo arco que o craque colombiano colocou naquele remate que deu o 0-2 para a equipa de Carlo Ancelotti.

A equipa galega perdeu o norte e passados 6 minutos haveria de sofrer o 3º golo (novamente em contra-ataque) numa parvoíce pegada de toda a defensiva galega (German Lux sai antecipadamente ao lance e comete falta; lei da vantagem bem assinalada por Perez Montero) permitindo o bis a Ronaldo.

Ao intervalo, a vantagem de 3 golos do Real e avizinhava uma 2ª parte minimamente tranquila em que a turma de Ancelotti poderia gerir o jogo a seu belo prazer e gerir o esforço. Porém, os galegos queriam dar uma melhor imagem do que aquela que foi dada no primeiro tempo.

Luis Fernandez iniciou o segundo tempo com uma alteração. Ivan Cavaleiro entrou para o lugar do “ausente” Postiga. Assentes na distribuição de jogo do bósnio Medujanin e nos desequilíbrios que Cuenca tentava dar à equipa através das suas acções individuais em drible nas alas, o Depor deu bastante alento à sua fiel massa adepta (no final da partida todo o Riazor aplaudiu de pé os seus jogadores) entrando a todo o gás no 2º tempo.

Cientes que já tinham perdido o jogo, os galegos arriscaram no ataque, aos 49″ Luisinho subiu pela esquerda e centrou para Cuenca cabecear contra Sérgio Ramos. Perez Montero considerou que o central cortou a bola com o braço, apesar do lance ser duvidoso, e assinalou prontamente uma grande penalidade que Medujanin converteu para 1-3. Os galegos acreditaram que podiam tirar mais proveito do jogo: dois minutos depois Isaac cuenca trabalhou na direita e rematou para defesa incompleta de Casillas para os pés de Cavaleiro. O português foi lesto a atirar a contar, deixando Casillas emendar o erro cometido com uma palmada que impediu o jogador emprestado pelo Benfica à equipa galega de fazer o 2-3.
Aos 56″, Casillas defendeu um remate frouxo de Luis Fariña. Dois minutos depois, num simples e rápido lance em contra-golpe no qual o ataque do Depor fez rodar o esférico do centro para o flanco direito e do flanco direito para Ivan Cavaleiro na esquerda com um passe longo, o português teve espaço para ensaiar o remate fazendo um remate em arco por cima da baliza do internacional espanhol.

As constantes ameaças dos galegos à equipa de Casillas levaram Carlo Ancelotti a refrescar o meio-campo com a entrada de Isco e Illarramendi (Modric perdeu o meio-campo quando sobressaiu Medujanin) e o ataque com a estreia de Chicarito Hernandez na Liga Espanhola. O Real voltou a ganhar o meio-campo e a partir dessa base construiu com um futebol esteticamente bonito a sua goleada triunfal:
– Aos 65″ Marcelo tirou da cartola um incrível passe em desmarcação para a área a rasgar para a entrada de Bale que atirou para o fundo das redes de Lux com a bola a entrar caprichosamente depois de ter tocado no poste direito da baliza do Depor.
– Numa jogada tirada a papel químico (só mudou o autor da assistência e o tipo de finalização executada pelo galês), Isco solicitou Bale com um passe semelhante aquele que foi realizado por Marcelo minutos antes com o galês a apostar desta vez com um remate picado por cima de Lux. Mais uma vez Sidnei e Diakité ficaram pregados ao solo aquando da desmarcação do galês.

Para fechar a contagem Sidnei cometeu um erro proibido em zona defensiva que permitiu o hat-trick a Ronaldo (1-6) e Chicarito (aquele que era conhecido em Manchester por aparecer muito bem ao 2º poste a finalizar jogadas de ataque dos Red Devils) mostrou que também é um jogador capaz de rematar de meia distância, marcando 2 golos de belíssimo efeito. Pelo meio aos 83″, Verdu fez o 2º golo para os galegos num jogo em que pelo que a equipa galega fez ofensivamente não merecia ter saído com tamanha goleada. A equipa do Real demonstrou uma eficácia quase perfeita na hora de atirar à baliza, materializando em golo praticamente todas as ocasiões que teve ao longo dos 90″ Defensivamente, esta equipa do Corunha tem muito trabalho pela frente para não sofrer mais dissabores no decurso desta temporada. Com dois centrais que demonstraram ter imensas dificuldades na marcação frente a equipas que optem por jogar com 2 pontas-de-lança ou com a incursão de um 2º jogador na área, com um lateral esquerdo que é muito permeável defensivamente e com um meio-campo que é capaz de organizar e criar mas mostra-se incapaz de pressionar, Fernandez terá que rectificar alguns destes pontos para poder alcançar o objectivo principal da histórica equipa galega, agora presidida por uma junta de salvação constituída por adeptos após a destituição da presidência do também ele histórico Augusto César Lendoiro no ano passado.

 

Crónica #4 – Champions League – Real Madrid 5-1 Basileia

Os merengues entraram com o pé direito na defesa do título europeu conquistado na temporada passada com uma goleada de 5-1, executada sobre a frágil equipa do Basileia orientada pelo português Paulo Sousa. O técnico português, por duas vezes vencedor da competição, uma pela Juventus em 1996 e outra no ano seguinte pelo Borussia de Dortmund, estreou-se na competição enquanto treinador. Pode-se dizer que foi uma estreia que o português decerto nunca se irá esquecer.

Na conferência de imprensa de antevisão da partida, dadas as duas derrotas somadas pelo Real Madrid nas últimas partidas disputadas frente a Real Sociedad (4-2 no Anoeta em San Sebastian) e Atlético de Madrid (no sábado no Bernabeu por 1-2), o italiano Ancelotti tentou aplacar a fúria dos adeptos (na segunda-feira dezenas de adeptos do clube fizeram uma espera aos jogadores à saida do Centro de estágios do clube em Valdebas; Toni Kroos e Iker Casillas foram insultados por alguns adeptos enquanto Gareth Bale viu dois adeptos pontapear-lhe o carro) e moralizar a sua equipa, afirmando que o jogo contra o Basileia poderia servir de ânimo para os seus artistas modificarem o rumo dos acontecimentos e inverterem os resultados negativos e a instabilidade que tem cirandado sobre o balneário da equipa após as polémicas declarações de Cristiano Ronaldo acerca da política de transferências levada a cabo pela direcção liderada por Florentino Perez.

Neste primeiro teste na Champions, o Real tinha como adversário o campeão suiço, o Basel FC, equipa que tem passado as últimas temporadas em clara ascenção no futebol europeu. Há 3 anos, esta equipa suiça, eliminou o Manchester United de Sir. Alex Ferguson na fase-de-grupos da prova (num grupo onde também estava o Benfica) e no ano passado, a equipa suiça logrou vencer em Stamford Bridge por 2-1, num jogo onde Mohammed Salah haveria de confirmar a sua transferência para o Chelsea (consumada pelo maravilhado José Mourinho em Janeiro). A equipa suiça tem aproveitado a Champions para valorizar bastantes activos (já lucrou mais de 70 milhões de euros com as vendas de Xherdan Shaqiri ao Bayern, Granit Xhaka ao Borussia de Moenchagladbach, Mohammed Salah ao Chelsea, Aleksandr Dragovic ou Valentin Stocker ao Hertha de Berlim). Para isso muito contribuiu também o trabalho realizado por antigo internacional suiço Murat Yakin (irmão do histórico jogador do clube Hakan Yakin) no comando técnico do clube.

Acossado pela imprensa espanhola, bastante crítica na forma em como o italiano descompensa as alas com as ausências de Bale e Ronaldo nas tarefas defensivas (como não descem, o lateral fica por norma a defender em inferioridade numérica; nem sempre Kroos ou Modric compensam porque tem jogado em inferioridade no meio-campo contra todos os adversários), o italiano decidiu promover duas alterações para a partida, fazendo entre o jovem Nacho Gonzalez e Marcelo para os lugares de Alvaro Arbeloa e Fábio Coentrão.
Na equipa de Paulo Sousa, o português abordou a partida assente num interessante 3x4x2x1 constituído por 3 centrais fixos (Schar, o veteraníssimo Walter Samuel e o checo Suchy), 2 alas (Behrang Safari à esquerda e o albanês Taulant Xhaka à direita, irmão de Granit Xhaka), 2 centrocampistas (Elnessy e Fabian Frei), 2 médios de índole ofensiva (Zuffi e o paraguaio Derlis Gonzalez, jogador que o Benfica foi buscar há uns anos ao paraguai) no apoio ao fixo Marco Streller.

Nos primeiros minutos da partida, num ritmo de jogo bastante sereno, o Basileia tentou aproveitar as dificuldades que este Real manifesta no jogo interior (DiMaria faz tanta falta neste meio-campo) para defender de forma muito organizada (povoando bem o meio-campo, Paulo Sousa colocou 4 contra Modric e Toni Kroos; o que é facto é que o alemão e o croata mexeram bem na organização de jogo quando o jogo assim o pediu), uma linha de 5 a defender em linha e um meio-campo que rapidamente vasculava para as alas sempre que a bola caía em James (mais à esquerda) ou Ronaldo (mais à direita). O treinador português deu muitas indicações durante a primeira meia-hora para os seus alas e devida compensação às alas pressionarem Ronaldo e não deixarem o português embalar pela linha.

O português haveria de criar a primeira situação de perigo logo aos 5″ quando, driblando Safari na direita atirou forte por cima da barra de Vaclik. O checo limitou-se a controlar. Tentando arrefecer qualquer ímpeto inicial que o Real mostrasse no início da partida, o Basileia circulava bem a bola a meio-campo mas não conseguia criar uma jogada digna desse nome. Nem a concertação defensiva haveria de impedir aos 13″ o primeiro golo da partida quando na direita Nacho quis servir Benzema na área e viu a sua tentativa de cruzamento desarmada por Suchy directamente para a baliza do seu guardião. Mesmo a complicar bastante o jogo, o Real iniciava uma goleada de forma tranquila.

O Basileia tentou responder de seguida: Taulant Xhaka esboçou o cruzamento da direita para o experiente Marco Streller que à boa moda de um ponta-de-lança digno da posição se antecipou ao primeiro poste a Pepe e empurrou às malhas laterais da baliza de Casillas com o espanhol a controlar o lance. Casillas foi assobiado durante quase toda a partida, excepção feito aos aplausos que o Bernabeu lhe brindou a meio da primeira parte, ainda por causa dos golos sofridos contra o Atlético de Madrid, golos nos quais, a meu ver, não teve culpa nenhuma.

modric 2

O jogo estava a ser monótono. O Real continuava a apostar num jogo exterior, devidamente distribuído com sucessivas rotações de flanco por parte de Toni Kroos, onde Ronaldo tentava criar desequilíbrios no 1×1 (sem efeitos práticos) ou Marcelo, bem subido no terreno tentava servir Benzema e Bale na área (mais uma vez Bale, Ronaldo e James trocaram várias vezes de posicão, com o galês a iniciar o jogo bem perto do francês). Quando o croata Modric se libertou da pressão que era feita pelo egípcio Elnessy na companhia de Zuffy o jogo acelerou e os merengues construíram o seu resultado.

Logo após uma cabeçada de Pepe que Vaclik teve que defender com uma enorme defesa de recurso, com duas jogadas de génio aos minutos Modric desbloqueou um jogo opaco: aos 29″ quando combinou com Ronaldo num primeiro momento a meio-campo, desmarcando de seguida com um longo passe de trivela Gareth Bale pela esquerda à entrada da área (Bale consumaria o acto de rebeldia do croata com um arqueado chapéu sobre Vaclik seguido de uma emenda triunfal para a baliza do checo) e de seguida, no minuto seguinte, num passe, também ele de trivela para a direita para a corrida de Bale sobre o central Suchy seguido de cruzamento típico para a pequena área onde surgiu Cristiano Ronaldo a empurrar para a baliza do Basileia, fazendo o seu primeiro golo desta temporada na prova (72º na prova; é novamente melhor marcador da prova à condição com mais 1 golo que Lionel Messi).

O croata montou o espectáculo, colheu no seu bolso a aficción que se deslocou ao Bernabeu, meteu a viola no saco e geriu a sua partida da melhor forma que soube.

6 minutos depois seria James a obter o 4º golo: numa fantástica jogada iniciada por Benzema, Ronaldo e Bale demonstraram toda a sua inteligência quando o português, tirando um adversário do caminho da bola já na área viu a movimentação de Bale a entrar na pequena área (processo ofensivo que o português e o galês fazem constantemente) mas também viu que 4 jogadores do Basileia encaminharam-se para anular o galês. De forma inteligente, Ronaldo colocou para trás onde apareceu Benzema sozinho a rematar para defesa incompleta de Vaclik para a frente. Surgido de trás, o colombiano só teve que empurrar para o 4-0.

No minuto seguinte…

Aos 37″ o Basileia resumiu-se à sua defesa. Não conseguindo elaborar uma jogada com cabeça, tronco e membros, a equipa suiça não só perdia demasiadas bolas a meio-campo quando tentava sair como fazia as transições em contra-ataque sempre que podia num ritmo bastante lento que permitia à defesa do Real Madrid reagrupar-se e reorganizar-se rapidamente. Só aos 37″ num lance todo ele desenvolvido ao primeiro toque desde a saída de jogo por parte do veterano Walter Samuel é que a bola veio parar ao paraguaio Derlis Gonzales (aproveitando um furo existente entre Sérgio Ramos e Marcelo; o primeiro porque largou o seu oponente directo para ir pressionar a meio-campo e o lateral porque não fechou o espaço no miolo deixado pelo central) que aproveitou para marcar o tento de honra da sua equipa num remate rasteiro cruzado que não deu hipóteses de defesa a Casillas.

Derlis Gonzalez foi o mais esclarecido em campo por parte do Basileia. O paraguaio revelou-se muito mexido, procurando muito a bola e, sendo rápido na recepção e passe, procurou quase sempre jogar fácil, ou seja, receber, passar novamente e encaminhar-se para um espaço para receber novamente.

No minuto seguinte, Marco Streller cabeceou para defesa fácil do guardião espanhol. O lance colocou novamente a equipa de Ancelotti em alerta e o Real voltou ao ataque, guardando a posse de bola até ao intervalo.

Na 2ª parte, extremamente enfadonha diga-se, Derlis Gonzales tentou o 2º golo mas viu Casillas negá-lo com uma defesa onde mostrou os seus apurados reflexos. Fabian Schar teve uma oportunidade aos 76″ e aos 79″ Benzema e Ronaldo destruíram a defesa de Paulo Sousa e o francês selou a goleada madrilena com o seu poderoso remate.

Momentos #7 – Penalty à panenka de Sérgio Ramos

Podem acusá-lo de tudo: de dar cacete à descarada e em fartura, de ser péssimo no jogo para as suas costas, de ser duro de rins quando tem um adversário rápido pela frente, de aliviar bolas sem nexo para a entrada da área nos cantos adversários, de falhar penaltys decisivos… mas o que é certo é que em alguns momentos Sérgio Ramos faz esquecer todos os seus maus momentos. Clássico à panenka na vitória Espanhola por 5-1 frente à modesta Macedónia no arranque de qualificação para a Roja no Grupo C.

Paco Alcacer do Valência estreou-se a marcar pela selecção espanhola.

Nos jogos desta noite, não existiram surpresas de maior: a Inglaterra bateu a Suiça no país helvético por 0-2. Roy Hodgson manteve a aposta na espinha dorsal da equipa que visa construir para este novo ciclo, dando a titularidade a John Stones na direita, mantendo Phil Jones e Tim Cahill como a dupla de centrais e fazendo alinhar numa das alas Fabian Delph do Aston Villa.

No Grupo G, a Suécia iniciou a campanha com um empate na Áustria.  Os austríacos inauguraram o marcador aos 7″ por intermédio da sua maior estrela (David Alaba), respondendo os suecos 5 minutos depois por Elkin. Zlatan Ibrahimovic participou de forma muito discreta na partida. Um dos melhores momentos protagonizados na partida pelo avançado do PSG deu-se na marcação de um canto quando ficou a olhar com cara de poucos amigos para Ruben Okotie quando o austríaco o empurrou em jeito de provocação.

A Rússia iniciou a campanha com uma goleada caseira frente ao Lichstenstein por 4-0.

Surpresa da noite foi a derrota caseira da Ucrânia por 1-0 frente à Eslováquia de Hamsik e Nemec. Os Ucranianos tiveram as melhores oportunidades de golo mas jogaram contra uma Eslováquia eficaz. Nos 2 remates feitos à baliza de Pyatov, os eslovacos lograram marcar em um com um golo do extremo\avançado Mak aos 17″